GOLPE DE ESTADO

Lata Velha, Osasco – 25.03.24

E tinha praticamente 11 anos q eu não ia a um show do Golpe.

Antes do Krisiun me fazer perder a conta de quantos shows deles já fui (não consigo contabilizar!), o Golpe de Estado era quem mais eu tinha visto, disparado.

Tenho uma história com a banda q remete a 1989, ano em q os vi com formação original E clássica em show de lançamento do meu disco preferido deles, “Nem Polícia Nem Bandido“, um daqueles discos de “ilha deserta”, pra mim. Levo ele e mais 9, se eu só puder levar 10.

E se eu conseguir adivinhar q vou me tornar náufrago. E mesmo se por lá não tiver tomada. Poupo o pessoal aqui do meu histórico detalhado: só voltar ao post de 20 de março de 2013, sobre os últimos shows de até então, no Centro Cultural Vergueiro.

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Direto ao ponto, no show de anteontem: um baita show, com formação já trocada desde 2013 e só o baixista Nelson Brito único integrante original. Só q esquisito; saí do Lata Velha achando q faltou alma à banda. Sei lá.

Provavelmente o problema sou eu.

Reclamar do repertório? Difícil. 15 músicas, só faltando alguma de “Pra Poder” (2004), e fraca mesmo só “Vivendo Nas Noites”, do “Caosmópolis” recente (vi ainda no palco q pularam a faixa-título dele, ufa), pra mim um disco descaracterizado. Tocadas meia boca, uma vez q só uma feita pela formação ali presente? Não, a não ser pelo andamento puxado mais lento em TODAS. Me incomodou.

Reclamar dos músicos? Nem. Nelson voando, pra mim destaque. Marcelo Schevano tocando direitinho, só enfeitando um pouco nos solos típicos do finado Hélcio Aguirra; faz parte. João Luiz, tecnicamente muito bom, às vezes firulando sem necessidade nuns sons, mas ficando claramente mais à vontade (aquecido?) mais pro final.

Roby Pontes, baterista, tocou impecavelmente passagens e viradas de Paulo Zinner q o próprio Zinner provavelmente não faria idênticas, caso ali estivesse. Porém, um porém: engatou um “modo Keith Moon“, firulando o tempo todo (acrescentando firulas às firulas, meio exibicionista), q me cansou. Não fez uma única levada reta. Puxa.

Bora dar uma de Korzus e culpar o público? Um pouco. Tvz tenha faltado interação: o público típico de 20 a 30 anos atrás já era velho, então quem lá esteve – e eu mesmo fiquei sentado quase todo o tempo – eram poucos e bons, mas insuficientes pra interagir e/ou retroalimentar uma vibe ali. Ainda q eu ache o vocalista – aquele q cantou com Roland Grapow, Leo – sem carisma.

E aí o problema é comparar com as sumidades anteriores Catalau e Kiko Müller. Reitero: João manda bem, se esforça e não constrange, mas não se empolga tanto.

Vai q o Golpe tb já esteja acostumado aos shows em festivais em Moto Clubes e essa inibição seja decorrente. Show de domingo à noite tb não costuma empolgar.

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Tinha uma expectativa avessa, de se mostrarem bolsominions. Tvz não: “Quantas Vão?” (o som mais politizado deles) e “Onde Há Fumaça, Há Fogo” abrindo show em dia de prisão de assassinos de Marielle Franco pareceu apropriado. E recado. Torço pra q não involuntário.

Acho q passei meu ponto: não é mais a banda q eu conheci e ouço demais ainda; só q é isso já faz tempo. Os caras novos e não tão novos são bons e não vacilaram. As músicas são realmente clássicas. Só q tem hora q parece banda cover meio apática. Reverentes carentes de irreverência. Tvz fosse o dia.

Espero ainda q se alguém deles ler isso aqui, entenda não ser coisa de hater. Golpe De Estado me é banda de vida, e tvz eu tenha q vê-los de novo pra dirimir dúvidas.

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No caminho de volta, fui mostrando “Caso Sério”, “Noite de Balada” e “Libertação Feminina” (via pendrive, no carro) pra Debora, q disse q gostou. E reconheceu virtudes. Isso é bom.

Repertório: 1. “Quantas Vão?” 2. “Onde Há Fumaça, Há Fogo” 3. “Não é Hora” 4. “Feira do Rato” 5. “Filho de Deus” 6. “Zumbi” 7. “Vivendo Nas Noites” 8. “Forçando A Barra” 9. “Paixão” 10. “Caso Sério” 11. “Todo Mundo Tem Um Lado Bicho” 12. “Velha Mistura” 13. “Nem Polícia Nem Bandido” 14. “Noite de Balada” 15. “Libertação Feminina”