THE MIST

01.09.19 – Sesc Belenzinho, São Paulo

Frontman é um negócio singular: geralmente são gente carismática, q nos faz querer ir a um show. Querer comprar um dvd, assistir a um show no YouTube. No caso dos mais ilustres – Ozzy, Bruce, Halford, Araya, Axl, Grohl – encarnam um ideal de vocalista, artista, pessoa.

A gente gostaria de ser aquilo q achamos q eles são. Ter a vida q eles supostamente têm: causam a vontade de querer traçar as groupies (no caso dos mais “macho alfa”) q eles (supostamente) traçam. Distribuir senha, rodar a fila.

Vladimir Korg é um tipo de frontman q encarna o fã q está no público. Age e reage como fosse um de nós em cima do palco. Zoeiro, desencanado e sem noção. Doidão, no melhor sentido. O cara é foda, e ter assistido The Mist no último sábado foi 80% vê-lo soberano no palco. Até chupar bala oferecida por alguém, rolou.

Momento memorável (vídeo abaixo): quando pegou o celular de alguém q filmava e filmou o palco durante o som!

Visualmente, é um mendigão metaleiro. Ñ um Antonio Conselheiro, como Carlos Vândalo, um mendigão metaleiro de boa, do bem, q troca idéia com todo mundo, toma uns goró e ñ enche o saco. Trocou idéia com todo mundo no fim, como toda a banda, q desceu pra selfies (minha namorada tirou uma com ele), autografar Lps (cheio de tiozões com “The Hangman Tree”), trocar idéia, dar risada, agradecer a presença.

O show?

1h15min duma banda afiada e se divertindo. Tirando onda com o “baixista novo”, “estagiário”, “pequeno gafanhoto”, q fora mais novo, toca muito. Visivelmente emocionados com o tanto de gente presente; ñ cansavam de agradecer. Jairo Guedes exalando simpatia e demonstrando alguma articulação ao microfone q Korg deixava pra lá. O baterista meio dando enquadre pros caras, avisando próximas músicas, controlando o tempo etc.

Nenhum cover. Só música deles. Incluída “Hate”, do “Ashes to Ashes, Dust to Dust”.

Admito nunca ter sido familiarizado com os discos: tenho só os 2 primeiros, comprados há ñ muito, dos relançamentos remasterizados digipack. E fiz a lição de casa sábado à tarde: ouvi os dois. E atesto estarem soando melhores ao vivo.

Pq o zeitgeist atual é de equipamento melhor, lugar melhor pra show (dificilmente tem som ruim em Sesc), público menos fuleiro (apesar duns “metaleiros mochilinha” queima filme por ali), merchan bacana à venda e duns caras certamente amadurecidos e levando melhor tudo. Ñ cheguei a reconhecer som – o único q pareceu q eu sabia, ñ foi –  mas entrei na onda e curti demais.

Informação q obtive dum conhecido, promotor de show, q lá esteve: q os caras ñ estariam com gás pra disco novo, mais voltando pra curtir, fazer shows, usufruir. Pena, pois diferentemente do Mutilator o The Mist está mais articulado q muita banda brasileira.

Q muita banda brasileira q nunca parou. E q tb nunca decolou.

Zero afetação, nenhum estrelismo ou saudosismo fuleiro, produção de palco e adereços (espantalho, banners + faixa “hate”) profissas, público ávido e potencial: o amigo Jessiê já tinha cantado essa, os caras conquistam até quem ñ os conhecia. Dica: tiver The Mist por perto pros amigos, vejam!

***

Set-list: 1. “Barbed Wire Land (At War)” 2. “Phantasmagoria” 3. “Peter Pan Agains the World” 4. “Smiles, Tears And Chaos” 5. “Scarecrow” 6. “The Hell Where Angels Live” 7. “My Life is An Eternal Dark Room” 8. “My Pain” 9. “Hate” 10. “The Hangman Tree (Epilogue)” 11. “Falling Into My Inner Abyss” 12. “The Hangman Tree (Act One)” 13. “Like A Bad Song” 14. “The Enemy”