MÖTLEY & EU

Por märZ

Metal

Não sei como foi com vocês, mas comigo foi assim:

Quando o heavy metal finalmente bateu forte por essas bandas, pós Rock In Rio 85, não havia mídia especializada, fontes confiáveis, material lançado, nada. Ou quase nada. Havia a publicação carioca Metal, um fanzine metido a revista, em preto & branco, com matérias roubadas e (mal) traduzidas de revistas americanas como a Circus e de sua homônima argentina. E havia também os (poucos) lançamentos em vinil e cassete das grandes gravadoras, de olho no mercado que se abria.

E é aí que a porca torcia o rabo. Como eram subsidiárias das majors americanas, só lançavam aqui o que vendia lá, e o que dominava lá era… glam metal. Depois de inundarem o mercado nacional com lançamentos das bandas que tocaram no Rock In Rio (vocês sabem quais), começaram a bater cabeça pra ver o que mais daria dinheiro. Foi então que eventualmente começaram a aparecer nas prateleiras das lojas de discos LPs de bandas como Icon, King Kobra, Hanoi Rocks, Krokus, Helix, Dokken, Ratt e os trêS gigantes de vendas (por lá) do hard rock: Bon Jovi, Poison e Mötley Crüe.

Mas algo estava acontecendo paralelamente: a Woodstock, uma pequena loja de discos de São Paulo, licenciou (ou não) e lançou os álbuns de bandas européias dos selos Noise e SPV (em sua maioria bandas alemãs de power e thrash metal). Com isso, já estávamos batendo cabeça ao som de “Bestial Invasion” e “Total War”, enquanto o que se via na revista Metal e nas lojas eram fotos de Vince Neil de roupinha branca e maquiagem rosada, fazendo biquinho.

Não pegou. Pelo menos pra mim e pra grande maioria dos fãs de heavy metal do meu micro-universo. Poison era tão ridículo nas fotos, que nem precisava ouvir pra saber que era uma merda. Bon Jovi estava em todas as FMs e era fácil ver que aquilo não era metal, e sim pop. Mas o Crüe ainda estava tentando se vender como uma banda de hard rock verdadeira, com suas caras de mau e sangue sintético. Ok, vamos dar uma conferida, mas o que chegava até nós? A baladinha “Home Sweet Home”.

E assim foi por anos, sem muita alteração. Só fui olhar mais analiticamente pra banda no lançamento de “Dr. Feelgood”, e mesmo assim com o pé atrás. Mais tempo ainda depois, consegui absorver alguma coisa, quando comprei a boa coletânea “Decade Of Decadence”. Têm lá seus momentos, se não se exigir muito, mas na minha concepção nunca chegaram ao nível de qualidade de outros contemporâneos seus.

E o pessoal aqui?