SOULFLY
Via Marques, São Paulo, 25/02/2012 – por Tiago Rolim
O show do Soulfly foi anunciado em dezembro do ano passado. Assim como tantos outros que acabaram não acontecendo, e colocando Max Cavalera em uma posição não muito favorável por aqui. Afinal, o cara fala que tem orgulho de ser brasileiro e em 10 anos nunca tinha sequer pisado no país. Para se ter uma idéia, o último show de Max no Brasil foi no Abril Pro Rock de 2000! E eu tava lá. Mas, depois de 2 shows do Cavalera Conspiracy, projeto com o irmão Iggor, em 2 anos seguidos, parece que desta vez ia rolar, e ele finalmente veio e fez um dos melhores shows de 2012!
Claro que muito da raiva do público brasileiro tinha de Max era justamente este afastamento do Brasil, o que motivava certo rancor em tudo o que ele fazia, porém com o tempo esse rancor foi caindo à medida em que o Soulfly ia tomando uma postura mais Metal e sem tantos experimentalismos, que chegaram ao limite no excelente e, na obra-prima dele fora do Sepultura, “Prophecy”, de 2004.
No dia do show, o local escolhido, muito bom para shows de médio porte, estava lotado. A fila do lado de fora era enorme, todos ansiosos para reencontrar o maior nome do Metal Nacional em todos os tempos, depois de tantos anos.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=yEOjnb5ypQQ&feature=related [/youtube]
A ansiedade era tanta, que as bandas de abertura passaram totalmente despercebidas. E quando o show do Korzus acabou, a ansiedade era total. E o que já tava quente ficou insuportável, pois todos foram se aproximando do palco e dava pra ver que a expectativa era quase palpável em todos.
Pouco depois das 22h, pronto o reencontro… e que reencontro! Max começa com a tradicional frase “vâmo detoná essa porra!” e detona “Rise Of the Fallen”, do disco “Omen” (2010), seguida de “Prophecy”, que provou o quanto o Soulfly mudou a visão que se tinha da banda no início dos anos 2000, pois a recepção a esta música deu MEDO a quem estava na pista! Sem descanso, veio “Back to the Primitive” e o jogo tava ganho. Max continua o mesmo, esbanjando carisma e cantando muito melhor que nos últimos vídeos colocados na internet, fora visivelmente feliz por estar no Brasil de novo. Vieram mais 2 sons do Soulfly até que… “Refuse/Resist”! Aí, o que tava assustador ficou caótico e maravilhoso.
Ouvir este clássico na voz original, depois de tanto tempo de Derrick, é até difícil de descrever. E fica ainda mais quanto rola “Territory” na seqüência. E aí já dá pra perceber que o Soulfly não é só Max (se bem que todo mundo só olha pro cabra mesmo). O guitarrista Marc Rizzo é muito bom, ótimo eu diria, o baixista Tony Campos é foda e dá a segurança que Max nunca teve (e nem Andreas), com Paulo. E o filho de Max, Zyon, se mostrou a melhor surpresa da noite. Pois o moleque tem talento, segurou a bronca muito bem. Claro, atravessou uns tempos, toca muito mais rápido que o necessário algumas vezes, mas mostrou que se garante e tem um belo futuro, afinal só tem 19 anos.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=fOABrKlqe2k&feature=related[/youtube]
Depois dum curto solo do moleque, veio mais uma do 1º disco do Soulfly, homônimo, “Tribe”, que comprovou que Max tá se afastando cada vez mais dos experimentalismos do passado, pois até o berimbau ele aposentou, o que é uma pena. Pelo menos pra mim, que curtia as loucuras do cara.
“Bring It” veio pra dar um refresco a Max e deixar a banda brilhar, numa jam muito legal e que deixou o clima quente.
Aí “Troops Of Doom”, com Iggor na batera. Tudo bem, é Iggor, e tal, mas foi mais emocionante ver os 2 juntos que produtivo. Claramente afastado do Metal, hoje ele só toca pra estar junto do irmão, e o visual de dj não ajuda muito…
Daí pro fim, foi um desfile de clássicos do Sepultura. 8 no total e mais alguns sons do Soulfly muito bem recebidos, o que gerou críticas em relação ao número de sons do Sepultura apresentados. O show terminou com a dobradinha “Roots Bloody Roots” e “Eye For An Eye”, recado de Max aos antigos parceiros, com todos felizes por o terem reencontrado em (relativa) boa forma e com seu carisma intacto.
Alguns pontos para discussão:
- Max tá fora de forma. Isso é visível (ainda mais se compararmos com Andreas, Paulo e Iggor), mal toca na guitarra, mas ainda leva um show SOZINHO nas costas
- “Troops Of Doom”: broxada da noite. Iggor fazendo o básico e uma vergonha alheia do tamanho de um trem. O vocalista do Questions (quem?) que subiu ao palco pra… pra… pra quê mesmo? Isso em “Troops Of Doom”!!
- 8 sons do Sepultura foi demais. Já vi vários shows de Max em que são tocados, no máximo, 3. A prova de que não precisa do passado, ao contrário do Sepultura, que não sabe viver sem a “era Max”, ao contrário do discurso que o Andreas sempre usa. Pareceu-me mais um leve tapa com luva de pelica na cara dos 2 remanescentes, que uma real vontade de tocar tantos sons do Sepultura
Set list: 1. “Intro” 2. “Rise Of the Fallen” 3. “Prophecy” 4. “Back to the Primitive” 5. “Downstroy” 6. “Seek And Strike” 7. “Refuse/Resist” 8. “Territory” 9. “Porrada”/Drums 10. “Tribe”11. “No Hope = No Fear” 12. “Bring It” 13. “Troops Of Doom” 14. “Arise”/”Dead Embryonic Cells” 15. “Inner Self” 16. “NO” 17. “Attitude” 18. “Revengeance” 19. “Roots Bloody Roots” 20. “Eye For An Eye”
Marco Txuca
7 de março de 2012 @ 03:13
Ninguém comentou ainda a resenha, tvz por fastio de se discutir sobre o Max num post de ñ há muito.
Mas recomendo os vídeos linkados, por Tiago indicados. Inclusive pra se verificar a PATETICE q foi “Troops Of Doom”, tocada q nem o cu da mãe do Iggor, e com o mané do Questions? querendo puxar a brasa pra “cena hardcore”.
Me impressiona (mal) o monte de puxa-saco atrás do Max. Oportunistas de carteirinha, como o Korzus tb. Q eu ñ sei se desdenho desta vez tanto… pq ñ estavam assim pagando pau pra “gringo”! ahah
E discordo do “tapa com luva de pelica” na cara dos remanescentes, Tiago. Pra mim, foi das duas, uma:
1. Max ñ estava confiando q o Soulfly chamasse atenção, daí ensaiou os Sepultura’s como “plano b”
2. Max quis realmente cuspir na cara de Beijador e Paulo Xisto. No q faltou tocar “Spit” duma vez ahah
Louie Cyfer
7 de março de 2012 @ 08:51
Bacana a resenha Tiago!
Eu tava na “volta” do Max ao Brasil no 1º SWU e deu pra perceber q a galera estava um tanto quanto “carente” da voz (e do carisma) original do Sepultura. E naquele dia o “tapa” foi ainda maior pq Andreas e Paulo estavam lá!!!!
* Pra q a presença dos ilustres, a não ser pagar pau e esperar um convite para uma Jam??
Bom, sei q o Max com essa vinda com Soulfly agora acabou de consolidar o nome como “Maior Ícone Metal Brasileiro”, ficou em paz com todo mundo e ainda estarrou o Sep mostrando q sem ele não tem graça os clássicos.
Simples assim.
Tiago Rolim
8 de março de 2012 @ 10:48
O problema que o Sepultura arrumou agora é sem tamanho né? Afinal 10 anos sem Max, fez com que a gente se “conformasse” com Derrick e esta versão do Sepultura. Mas agora, depois de 3 shows matadores(nos quais destaco o de Goiania), onde teve mais sons do Soulfly, fica dificil p Andreas falar/fazer alguma coisa né?
O minino, mas o minimo mesmo é fazer um show/turnê do Sepultura com
a maioria dos sons de Derrick e relegar a fase Max a pouco mais de 3 ou 4 sons, ou nem isso.
Pq morro dizendo, o Sepultura de Andreas tem sim, muitas qualidades. Mas Andreas pareçe que não percebe ou tem medo, de se afirmar sem a presença dos cavalera. O que é uma pena.
Louie Cyfer
8 de março de 2012 @ 11:42
Até concordo Tiago, mas vc apostaria no Sepultura atual “limando” clássicos da época de Max?
Os clássicos dessa época são os que ainda movem as engrenagens do Sep hj em dia, pq se fosse somente pelo material novo acho muito difícil agendarem turnês “longas” fora da Terra Brasilis.
doggma
8 de março de 2012 @ 19:34
Puta review instigante, cara. Só as impressões sobre a figura (icônica/encarquilhada) do Max já valeram o texto. O cara realmente criou um legado incomparável ali. Deve ter sido um showzão, apesar dos pesares.
Que incluem…
“Arise”/”Dead Embryonic Cells” – só eu que acho meio brochante as execuções pós-Roots desses clássicos sepultúricos? Ou são resumidos, ou medleys ou querendo alcançar a velocidade da luz. Porra.
“E o filho de Max, Zyon” – pelos escritos, supreendeu apesar de alguns erros, mas nepotismo na caruda é sempre foda… fosse um bom batera profissa, poderia descontar no cachê cada atravessada, hehe
Sepultura X Soulfly / repertório sepultúrico – concordo sobre o bom material existente no Sepultura do Derrick (e que deveria ser privilegiado para o bem da banda), mas tenho reservas quanto a relegar a fase Max a 3 ou 4 sons. As músicas são do Sepultura, assim como “Highway to Hell” é do AC/DC, “Iron Maiden” é do Iron e “Bonded by Blood” é do Exodus, não importa o frontman. Acho que o Soulfly é que deveria maneirar, conforme atestado no próprio review. Sim, é “Refuse/Resist” na voz do Max, mas é a vida… ele escolheu esse caminho. Deveria compor material superior ou à altura no Soulfly. Ou no mínimo perseguir isso…
Tiago Rolim
8 de março de 2012 @ 22:53
E Max faz isso! Tenho alguns bootlegs do Soulfly em que são tocadas apenas 3 sons do Sepultura e um deles é Policia!!
O sepultura é que não quer (consegue), fazer o mesmo. Porra da p fazer um show com 20 sons só com o negão fácil, e pela reação do publico quando são tocadas, as poucas, músiacs desta fase, não seria um fiasco não.
O problema é que isto deveria ter acontecido, já no Nation, que foi o 2º disco, e logicamente o repertório ta va aumentando, mas não o fizeram e agora, mudar de repente pode ser um tiro no pé. Mas um show especial só com os sons do negão ia ser muito bem vindo e medindo a reação da pláteia, isso poderia ir sendo repetido até ficar em definitivo.
Marco Txuca
9 de março de 2012 @ 00:47
Penso o dilema ser facilmente respondido com duas perguntas:
1. quem iria a show do Sepultura só com músicas “do” Derrick?
2. quem iria a show do Soulfly só com material do Soulfly?
Pra mim:
1. eu não!
2. eu iria!
doggma
9 de março de 2012 @ 09:22
Certamente seria complicado mudar agora, na lata. Exceção talvez se lançarem um álbum de excepcional pra mais.
Nunca ouvi os boots do Soulfly, então realmente desconhecia esses set-lists. Pô, muito foda devem ser esses shows. Será que algum material do Nailbomb já foi incluso também? Repertório dos sonhos o Max tem em mãos.
Txuca, eu iria! E eu iria!
Tiago Rolim
9 de março de 2012 @ 10:21
eu tb.
Eu iria
Eu iria
Tiago Rolim
9 de março de 2012 @ 12:38
GAlera ESCUTEM o novo do Soulfly!!!!
Simples assim, um dos melhores discos de 2012. Pra quem não gostava das viagens de Max, este é o disco. Pareçe que é a continuação do Morbid Visions! Do Morbid Visions!!!!!!!!!!
Rodrigo Gomes
9 de março de 2012 @ 13:31
Discordo totalmente, o Sepultura tem que tocar músicas da fase Max sim. Se parasse de tocar, daria duas impressões: assumiria uma “derrota”, já que assinaria um recibo que o CC e o Soulfly fazem versões melhores dos clássicos; e daria a impressão que querem apagar o Max da história do Sepultura. Então, o mais prudente é continuar como está, tocando tudo. E bem.
Tiago Rolim
9 de março de 2012 @ 15:00
Entendo, mas acho que o Sepultura deveria REDUZIR a quantidade de sons antigos. Em vez de fazer um show de 20 músicas em que 12 são de Max, pq não o contrário? Apenas 8, ou menos ainda, de sons do antigo Sepultura?
E eventualmente, em situações especiais uns shows só com material do negão, até p dar moral pro doido né?
Marco Txuca
9 de março de 2012 @ 18:28
Eu sou da linha de q o Sepultura deveria abandonar aos poucos (e já demorou pra fazê-lo) o repertório sepultúrio pré-1996.
O pobrema maior é o negão. Ñ canta nada, ñ tem carisma, ñ sabe as letras. Botá-lo pra fora tvz seja atestar recibo de incompetência. As coisas vão ficando do jeito morno q tá…
O tal Musica Diablo, já abortado, tvz oferecesse uma porta de saída ao cara. Ñ vingou…
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Repertório do Cavalera Conspiracy, doggmático, parece q incorporou (ops!) uma época sons do Nailbomb. Ñ tem jeito: mesmo q o Beijador tivesse composto tudo, ainda assim ficaria melhor com o Max.
Motivo: a VOZ!
Quantas bandas a gente ñ vê por aí nos botecos em q, mesmo os músicos sendo ótimos, a voz sendo ruim põe tudo a perder? Enfim.
Claro q o carisma tb ajuda. Algo q o amigo märZiano tb levantou lá no “Putz (Bloody Putz)”.
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Na real, os remanescentes perderam a oportunidade de acabar com o Sepultura. Soulfly já estabelecido, iam voltar com o nome?
Poderiam ter feito como o Black Sabbath Dio, mudando o nome pra Heaven & Hell. Ou, adaptando, pra Dead Embryonic Cells, Refuse/Resist, Stronger Than Hate etc.
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Soulfly novo, já ouvi a do clip (“World Scum”) e uma tal “Gladiator”. Max voltando às verdadeiras origens, o death metal europeu cru. Provavelmente mirando esse nicho de mercado. E vai se dar bem!
A capa ñ achei tão foda. Mas é voïvódica q dói! ahah