FZ 80
Vivo estivesse, Frank Zappa hoje comemoraria 80 anos.
Em 4 de dezembro último, por outro lado, passaram-se 27 anos de seu falecimento.
Sujeito morreu aos 53, deixando em torno de SESSENTA DISCOS lançados (nem todos geniais, como “Francesco Zappa” e “Thing-Fish”) em… 27 anos de carreira. E legando à posteridade outros inéditos + coletâneas + registros ao vivo q sua prole confusa desova a conta-gotas. E q já chegam a 100 álbuns.
Já devo ter postado isso. Segue.
Especulação mais ou menos óbvia: o q teria lançado desde 1993 (27 anos – de novo, 27: equivalente a metade de sua vida. E ao dobro de sua carreira), caso ñ tivesse morrido? A aritmética (P.A./P.G.) ajuda a imaginar; provavelmente seria ainda mais coisa.
Antes de morrer, digitalizou TODOS os seus discos e estava fazendo música – ainda mais esquisita – no computador, o tal Synclavier (iniciando em “Francesco Zappa” e “Jazz From Hell”, culminando em “Civilization Phaze III”, último em vida, “Feeding the Monkies At Ma Maison” e “Dance Me This” e sei lá mais quantos), sem ter q ensaiar e estressar com músicos de verdade…
Todo modo, estaria fazendo música.
E estaria, certamente, aloprando pra cima de trumpistas, evanjegues, terraplanistas, isentões de direita e celebridades. Pq já o fazia desde os 80’s (“You Are What You Is”, “Meets the Mothers Of Prevention”, “Broadway the Hard Way”), destilando ódio aos Republicanos e em todo encarte convocando as pessoas a votarem.
Deixou até um punhado de hits: “Bobby Brown Goes Down”, “Valley Girl” (ganhadora de Grammy), “G-Spot Tornado” (outro Grammy), “Peaches In Regalia”, todos meio sem querer querendo.
Um homem de seu tempo? Um homem de NOSSO tempo.
Ainda há… tempo de descobrir muita coisa. Ainda há… tempo… pra ser CONTEMPORÂNEO do q fez e já fazia há muito.
***
Por aqui, resolvi homenagear com os vídeos acima:
Steve Vai (um dos tantos “revelados” por FZ) falando, divertidíssimo, de sua audição pra tocar com ele (ñ era pra qualquer zé mané), em episódio até manjado.
O segundo, uma animação duma entrevista (deveriam lançar dvd’s ou discos de entrevistas dele tb) a respeito de como gerenciava a própria carreira e o q exigia de quem com ele tocava. Impressiona.
E com trecho de show tributo “Zappa Plays Zappa“, em q Dweezil (seu filho mais velho e van-haleano) juntou músicos de gabarito + alguns dos ilustres q tocaram com o pai, pra fazer versões – a meu ver – irrepreensíveis e tocantes do vasto repertório do Big Ode.
O som acima é uma suíte do álbum “Apostrophe”, q me parece bem adequado a quem quiser se iniciar no cânone. Pq curtinho e pelas participações de Jack Bruce na faixa-título (co-autor, inclusive) e de Tina Turner (ñ creditada) fazendo backing vocals em “Uncle Remus”.
Voltando ao ZPZ: o negão fazendo voz de Zappa e saxofone com wah-wah (chupa, Kirk Hammett!) é Napoleon Murphy Brock. Pra quem o tempo passou generoso. Carisma e talento.
Enfim. Eu curto. E recomendo.
PS – a quem conhece, e curte, só “Bobby Brown Goes Down”, uma boa e uma má notícia. A boa: é uma baita letra, veia Zappa total. A ruim: acho um dos piores sons do cara. Tem coisa muito melhor.
André
22 de dezembro de 2020 @ 11:53
Não sou profundo conhecedor de Zappa. Na verdade, tô tentando ouvir os discos em ordem cronológica. E, é engraçado como as pessoas endeusam certos artistas. Daí, você ouve um cara como o Zappa e entende como a música dele era um soco na cara de tudo aquilo. A obra dele é basicamente isso. Mas, tudo com talento e competência absurdas. Poderia citar outros artistas tb, mas, o assunto é Zappa, então…
Quanto ao modo como ele gerenciava a carreira: genial. Acredito que esse pessoal do jazz ou qualquer outro tipo de música virtuosa deve ser um saco. Tem que ter pulso firme se não eles fazem o que querem.
FC
22 de dezembro de 2020 @ 15:35
Até hoje só ouvi o Bongo Fury. Por onde vocês recomendariam começar?
Jessiê
22 de dezembro de 2020 @ 23:47
Hot rats é de razoável assimilação
Marco Txuca
23 de dezembro de 2020 @ 11:53
“Razoável” define, Jessiê. Mas ñ recomendaria começar por ele. 6 músicas, só uma com vocal (e de Capitain Beefheart*, jogo duro), algumas passando de 8 minutos…
Sugeriria algo q postei lá no teu @bangersbrasil. Começar do “Apostrophe”, q tem meia hora e mais vocais e daí…
2) “One Size Fits All”; 3) “Jazz From Hell”; 4) “The Best Band You Never Heard In Your Life”; 5) “Ship Arriving Too Late to Save A Drowning Witch”; 6) “Hot Rats”; 7) “We’re Only In It For the Money” (zoando Beatles e hippies); 8) “Orchestral Favourites”; 9) “Imaginary Diseases”; 10) “Shut Up’n Play Yer Guitar” (triplo instrumental)
Ñ recomendaria começar com “Zoot Allures”, “Uncle Meat”, “Sheik Yerbouti” (muito falado e elogiado, mas muito extenso tb) ou “The Man From Utopia”, no q humildemente me proponho a tentar recomendar.
Tem 18 anos q fui comprando praticamente tudo o q a Eldorado lançou no Brasil e estou ainda assimilando eheh
Ñ domino tudo, claramente, mas já me permito recomendar alguns caminhos.
*co-autor e intérprete de “Bongo Fury”, um disco interessante mas q ñ colocaria entre os melhores, FC