DANÇANDO NA SEPULTURA
Por märZ
Impossível para um fã de metal brasileiro, especialmente, no meu caso, alguém que presenciou o surgimento da banda, não se encher de ansiedade e expectativa pelo lançamento da bio do mais famoso grupo de música do país. Ainda me orgulho do Sepultura, e não vejo motivo algum para o contrário. Em 30 anos cheios de curvas e retas, arrancadas e freadas, subidas e descidas, a banda mantém sua importância e confirma seu legado, em cada álbum e cada turnê.
Mas vamos ao livro: não conheço o autor, o americano Jason Korolenko, mas não acho que tenha feito um trabalho tão bom quanto o esperado. O livro é superficial, atendo-se a fatos já bem conhecidos na história da banda, todos já expostos e batidos em matérias e entrevistas nessas três décadas de sua jornada, sem desencavar fatos ou anedotas surpreendentes ou esclarecedoras. Não foram feitas entrevistas recentes com os integrantes, e as declarações no livro retratadas são, como já disse, retiradas de entrevistas antigas feitas por revistas, jornais, sites e canais de tv diversos.
A única exceção, por incrível que pareça, foi com Monika Bass Cavalera, ex-esposa de Igor e ex-empresária da banda nos últimos anos. Que, aliás, é mencionada pelo autor nos créditos e agradecimentos como “minha agente e empresária não oficial”. No mínimo, esquisito. Nada de Andreas, Paulo e Igor. Muito menos Jairo, Max e Glória.
Duas coisas ficam óbvias na leitura do livro: primeiro, que foi escrito em inglês e então traduzido para o português. Até aí, nada demais. Segundo, que é uma biografia “chapa branca”, montada para colocar os membros remanescentes (com foco em Andreas) como os heróis, opostos a vocês-sabem-quem, meio que querendo resgatar o valor dessa formação. Questão de ponto de vista? Depende de cada um.
O autor diz ser fã de Seputura desde 1992, o que faz com que seus conhecimentos sobre a banda e o cenário contextual do Brasil antes dessa época seja teórico, e talvez por isso mesmo o foco do texto seja a fase pós Max. A análise da progressão e evolução do grupo até 1996, bem como de seus álbuns, é feita de modo um tanto apressado, meio que como se dando uma “pincelada” básica. O que vem a mudar consideravelmente após essa data, onde vemos muito mais profundidade e cuidado na narrativa.
Li o livro em 3 dias e, baseado nas análises minuciosas dos álbuns pós “Roots”, me senti inspirado a ouví-los todos com calma, na sequência, munido de um bom par de headphone, como nunca havia feito antes. E o resultado foi positivo: passei a notar detalhes e nuances que até então haviam passado desapercebidos, quase como se estivesse ouvindo os discos pela primeira vez.
Levando-se isso em conta, a despeito de algumas falhas na execução do projeto, recomendo a biografia a todos os fãs do Sepultura; velhos e novos, fiéis e hereges.
Colli
12 de janeiro de 2017 @ 08:08
Apesar da sua indicação, que tem peso forte… fiquei meio desanimado.
Achei que seria coisa inédita pegando toda a história da banda desde os primórdios até os dias de hoje.
doggma
13 de janeiro de 2017 @ 13:25
Grande análise. Também desanimei um pouco sobre o aspecto datado da coisa, mas me animei bastante no penúltimo parágrafo. Já fiz essa experiência com outras bandas sendo esmuiçadas em outros artigos (muitos daqui mesmo do TCH) e foi sensacional sair das trevas da ignorância, rs
Tiago Rolim
14 de janeiro de 2017 @ 09:12
Só pra dar mais ânimos aos amigos que querem mergulhar na fase com Vera Verão, escutem o lançamento. Tá tinindo de bão! Quase que perfeito. Leva um 8,8 fácil! Tem uma música, que não é ruim,mas é mais fraca que o resto. Então a nota cai um pouco. Sou chato ehhehehehe
märZ
16 de janeiro de 2017 @ 22:00
Também gostei do disco novo.