ROCK’N’ROLL

Hoje vario um pouco a pauta; tô sempre falando de encrenca e presepada. Bora hoje falar dum lugar legal, infelizmente fechado.

Toca do Rei, em Jundiaí.

O lugar parecia um daqueles drive-in de filme americano: passava-se do portão, um trecho asfaltado a céu aberto, com mesas, daí abria um “L” (ñ sei como chama isso em arquitetês), onde – nessa ponta do “L” – tinha o bar em si (coberto) e umas outras mesas internas.

Tinha umas mesas de sinuca e pebolim (totó) entre os ambientes, e do outro lado da ponta do “L” (no ângulo reto), o dono fez um local coberto onde haviam a pista, o palco, o backstage e os banheiros. Arborizado rente ao muro.

Tudo muito ajeitado e de propósito: pq o Tiger (dono) e a Jessel (esposa – aliás, ambos no flyer) eram do rock’n’roll raiz. O “rei”? Elvis. Quintas com noites de rockabilly (banda Old Black Joe, do Tiger, tocando) e aulas de “dança”. Provavelmente com direito ao pessoal se vestindo a caráter, mulherada de pin up.

Acho q chegamos a esse lugar via Márcio, nosso então guitarrista (depois viraria baixista/vocalista), q tinha trânsitos pelo interior a serviço. E entre 2011 e 2014 tocamos 7 vezes lá. Com 3 formações do No Class. E q eu me lembre, todas legais.

Roubada costumo lembrar mais.

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Motörhead combinava com a casa, os donos curtiam. Mas ñ era uma casa só de rock’n’roll: tocamos ali com o Dragão de Aço (banda clássica de classic rock veterana na cidade), com o Arquivo Inválido (punk autoral veia Ramones e Bad Religion, cujo vocalista idêntico ao vocal do Deftones hoje é youtubber de cinema) e até mesmo com o The Zoo, um Scorpions Cover de Campinas, cujo baixista (Peterson) é meu amigo de Facebook desde então.

O ambiente era legal, familiar. Vez ou outra, aparecia a filhinha dos donos lá e brincávamos um pouco com ela. Pagavam cozinheira e garçom pra servir o público. Dos raríssimos lugares q dava pra levar namoradas/esposas sem stress, medo de banheiros infectos ou de ter q lidar com nóias.

Gente legal tentando levar o negócio a sério.

E no início o tal Tiger parecia meio grosso e autoritário no trato (a esposa é q pagava o cachê e fazia a social), o q fomos entendendo pela responsabilidade: dono, técnico de mesa de som, organizador de agenda (todo mês, no site e em flyer, todas as datas impecável e antecipadamente marcadas) e eventualmente guitarrista da banda q tocava às quintas.

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Tb era colecionador de Hot Wheels, o q nos últimos tempos rendia noites a isso dedicada. Tiozões colecionadores de carrinhos eram convidados de graça a quintas-feiras específicas. Um detalhe q viraria a encrenca.

Bar começa a abrir pra dias gratuitos, ou fazer “concurso de bandas autorais” com prêmio em tatuagem e/ou horas de estúdio, às vezes ñ é bom sinal.

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O q sentimos na penúltima vez em q lá estivemos: acho q éramos gente boa e zero maloqueiros, o q proporcionou o Tiger virar meio um amigo e confidente. Começava a falar/desabafar com a gente em fim de noite sobre bandas q “furaram”, bandas q eram meio estrelas e do acordo q tinha com os vizinhos (o bar era afastado em Jundiaí, praticamente embaixo dum viaduto – ?!?!? – e em área residencial) pra ñ avançar de horários estabelecidos com som alto.

Na última vez em q lá tocamos, 28 de setembro de 2014, sujeito – aliás, nunca soube o nome real; devia ser Bruno. Quase todo dono de bar onde tocávamos chamava Bruno – veio confidenciar q ñ renovaria a licença do bar. Pq tinha passado stress com um Helloween Cover estrelinha (até desconfio quem eram) q insitia em erguer o volume, pq o movimento tinha caído e pq a grana ñ estava mais entrando. Ñ estava valendo a pena. E assim parece q aconteceu.

Nunca mais fomos convidados, portanto o bar ñ mais existiu ali pra meados de 2015. Uma pena e uma perda, dentre tantas.

Gente decente, público legal, lanches honestos, equipamentos disponíveis decentes, combinados feitos “olho no olho” e cumpridos, o q incluía passagens de som sérias e ajeitar o som durante a apresentação, sem frescuras. Mas q durou o q tinha q durar.

Gostaria de saber o q andam fazendo, se estão bem. Era difícil de chegar, mas estava muito longe de ser o pior lugar em q tocávamos.