STONE DEAD FOREVER

A surpresa do mês. Do ano: Serjão me chamando no WhatsApp, no último 2 de Dezembro.

“Como estão as coisas?”, “e a banda, tá rolando?”

Nunca lembrava o nome No Class, mas sempre lembrava da gente. Ainda lembra, q legal. Ñ o via ou tocava em eventos dele desde 2016. Sempre me encontra, o q levo pro lado lisonjeiro da coisa, duma missão ñ admitida da banda, volta e meia confirmada: deixávamos boa impressão, ñ tumultuávamos, ñ levávamos bando de gente de graça sem pagar.

Raramente tocávamos uma só vez num lugar.

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E o lugar do Serjão era um bar de Moto Clube, mas ñ um MC reaça patriotário e/ou metido a besta, como o q descrevi de Araras (post “Walk A Crooked Mile”, nesta pauta). Era o Novo Aeon Rock Club, raulsseixista oras.

(se bem q tem raulsseixista bovinoafetivo… Fui vomitar, volto já)

Um bar longe pra nós, na beira da represa de Guarapiranga, sul da Zona Sul, ainda q ñ tão mais sul q o Relicário Bar (descrito em “Brotherhood Of Man”), e q teve uma peculiaridade única por algum momento: tinha 3 ambientes, com bandas tocando simultaneamente em cada um.

Só q os ambientes eram o térreo, o porão e a laje.

No porão, tocavam bandas de new metal (algumas com barril de chope no equipamento) ou emocore – os sons da moda, pra molecada – no térreo, as bandas mais clássicas (Maiden, Metallica, Sabbath, Slayer Covers… e nós), e na laje as bandas de black metal tosco podre mal tocado e com equipo ruim. Algumas delas usando corpsepaint. Imagina na Copa.

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Tocamos lá nosso 2º show, em outubro de 2004, e ainda outras 10 vezes. Pq era muito divertido, ñ pq ganhávamos cachê.

(salvo engano, ganhamos alguma ajuda pra gasolina uma ou duas vezes. E pq negociei antes via telefone com o Serjão, q mesmo bêbado lembrava se tínhamos ou ñ combinado cachê)

Imaginem o sujeito meio picareta, mas gente boa. Cachaceiro barrigudo, ficava mamado ao longo da noite junto com os clientes, junto com os “motociclistas” q entravam sem pagar. Zoião vermelho no fim da noite.

Ñ era trapaceiro, ou seja: nunca prometeu nada q ñ pudesse entregar. O palco era legal, a bateria q dispunha pra eu tocar ñ era MESMO das piores, na maioria das vezes cedia amplificador de baixo pra usarmos, e ao longo dos anos (última vez em q tocamos ali foi 2007) tinha até cortina na frente do palco, pra fecharmos na hora de montar e desmontar as coisas, antes e depois, sem pressa ou gente bêbada subindo.

Mas ñ fazia esforço pra pagar cachê ahahah
Se a gente ñ tocasse no assunto, tb ñ oferecia.

O público era aquele pessoal tr00, mas ñ afetado. Gente simples, sem grana (só pra entrar e pegar uma cerveja) e q curtia de verdade. Trocavam idéia depois de tocarmos, trocavam contatos, ofereciam lugares outros pra tocar etc. E a minha lembrança mais legal do local era a parte de trás do palco, q dava pra represa.

Era uma janela imensa, daquelas com basculantes q vez ou outra ficavam entreabertos e rolava uma brisa enquanto tocávamos. Refrigeração natural.

Tinham ainda um técnico de som, Vágner, genro do Serjão, sempre de colete, se dizendo baixista (trocava muita figurinha com o Edinho sobre equipo e parte elétrica, essas coisas) e sempre muito decente na hora de passar o som e cumprir com sua parte. Diferente de muito técnico de som ruim e de má vontade. Cara muito gente boa.

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O bar, por tudo o q relatei aqui, era pra lá de insalubre. O tipo de local q hoje eu jamais voltaria: extintor de incêndio, tvz tivesse UM. E UMA era a porta, pra entrar E sair. E fechou, ñ lembro bem se por culpa da gestão Gilberto Kassab (q fechou montes de bares de rock em SP) ou se como decorrência da Boate Kiss, do RS. (Q gerou muito fechamento e muita adaptação – mesmo bares sérios como Manifesto e Blackmore ñ tinham sequer saídas de emergência. Tiveram q furar paredes para tal, e reabrirem).

O fato é q lembrávamos do bar, do Serjão, das pessoas, das risadas, da cerveja cara, e tudo bem. Até o mesmo me encontrar (ligou pro meu pai, q passou meu celular) em 2016 pra um “evento” em sede do MC num outro local ermo e longínquo da Zona Sul. E fizemos, mediante uma ajuda de custo q deve ter sido de 70 ou 80 reais. E ok.

E aí, neste 2021, o sujeito me encontra no WhatsApp, pergunta “como estão as coisas“, e “a banda, tá rolando?”

Expliquei q ñ mais, desde 2018. E q estou com duas bandas cover, de Iron Maiden e Megadeth, mas sem ensaiar. Pandemia, quarentena, essas coisas. Sem condições pra o evento, q frisou duas vezes ser “confraternização” – entendi: sem cachê – pra o último dia 18.

Tinha uma banda autoral confirmada, achou demais q tivesse um Maiden Cover, mas queria pelo menos uma banda cover pra “confraternização”.

Indiquei o vocalista do Maiden Cover, q tem ainda uma banda cover de Black Sabbath (Ozzy e Dio) e indiquei o Edinho, q tá tocando autoral numa banda ruim.

Ñ parece q rolaram. Descolou outra banda. Mas o contato ficou. Continua.
Serjão figuraça.

PS – em algum momento de 2007, o Golpe de Estado tocou ali, salvo engano duas vezes. (E certamente ñ de graça). Deu público e o Vágner falou bem demais dos caras. Do profissionalismo, zero estrelismo e etc. Mas me deu a noção do quão pra baixo andava o Golpe