ONE NIGHT STAND

Átomos Bar era o nome do lugar.
Uma escola de música aqui em São Paulo próxima ao metrô Armênia, q o dono (e professor de música – ô gente abnegada e idealista…) resolveu transformar tb em bar de rock.

Era a noite de inauguração. 23 de dezembro de 2006.
No Class provavelmente incluído devido ao Napster, q era o cover de Metallica com quem tocávamos junto direto (mais adiante, fundimos as bandas numa só e ficamos meio q 1 ano tocando No Class + Napster por aí) e q soube dessa ocasião. Tb por culpa do Kill the Light, um cover soberbo de Megadeth (com direito ao “dono” da banda completamente Dave Mustaine), q havia conhecido o Napster, q por sua vez incluiu a gente no rolê.

O post hoje nem é pra falar do show do No Class, q foi bom (ñ tivesse sido, a memória “falaria”) e q, por falta de lembrança, foi filmado (tenho aqui o dvd caseiro do evento). É pra falar do evento em si.

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Tocamos nós primeiro, daí o Kill the Light, daí uma banda autoral (horrível) chamada Pillotus, depois o Napster fechou, lá pras 4 da manhã.

Primeiro o Kill the Light: era a primeira vez em q eu os estava assistindo, q ñ na passagem de som; a vez anterior em q tocaríamos (Kill the Light, No Class e Napster) era pra ter sido na Fofinho (bar tradicional/tosco por aqui), q a dona cancelou em cima da hora, por falta de público. Aliás, a única vez em q o No Class teve um show cancelado.

E sei lá por q motivo eu resolvi perguntar antes ao “Mustaine” ali se tocavam “Hangar 18”. Resposta veio q tocavam, mas ñ aquela formação, pq o baterista ali ainda ñ tinha tirado o som. E sei lá pq naquele dia eu fui cuzão suficiente pra pedir pro sujeito tocarem o som e me chamarem, pq eu sabia (ainda sei) tocar. Resultado: de modo completamente antiético, subi no palco na “Hangar 18” pra tocar ela.

O baterista deve ter ficado puto. Mas ñ reagiu, resistiu ou reclamou. Fosse o inverso, eu ficaria furioso. Nunca foi meu perfil, mas enfim.

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Desse Pillotus (ouviram falar? Então), minha memória é q ñ chegaram antes do evento, em hora combinada, mas durante, já no final do No Class.
Aquela postura típica de banda q ñ prestigia o evento: chega pouco antes de tocar, chama atenção de maneira equivocada, toca (mal) e vai embora 5 minutos depois. Nenhum apoio à “cena”. Depois reclamam de “falta de apoio no país do samba e do axé”.

Todo modo, ñ eram nem metal. Chegaram os caras e uns amigos completamente trajados a la Cachorro Grande (alguém lembra?), aquele visú de roqueiro hipster q rolou nos 00’s, de gente q conheceu o rock ouvindo “Who’s Next” pela metade e andava com camiseta do AC/DC ou do Motörhead recém-compradas pra pagar de roqueiro.

Eu sempre dizia q com a camiseta clássica “Motörhead England”, aquela com o Snagletooth no meio, essa playboyzada devia achar q a banda chamava “England” vinda dum país chamado “Motörhead”… E ñ fugiam muito disso: chegaram cheios de pose, usando terninhos e chapéus de piloto de avião (uau), falando alto e se achando.

Joguei pro Cássio e pro Edinho (guitarrista e vocalista): “ó, vamos ficar de olho, pq esse povo aí ñ deve nem saber afinar guitarra e provavelmente vão nos pedir coisa emprestada”. Implicância? Sim. Mas deu a hora de subirem ao palco, vieram nos pedir coisa emprestada.

O guitarrista veio pedir A CORDA LÁ emprestada pro Cássio, pois tinha arrebentado a dele e ñ tinha tido “tempo de trocar” (sic). Ainda pediu ajuda pra afinar. Sério. O baterista veio até mim e me pediu emprestado o PEDAL DO BUMBO. Numa saia justa em q ñ consegui negar (nessa hora pesou o medo de ser cuzão…) e só concordei em emprestar o pedal principal do meu pedal duplo. Éramos bonzinhos. E aí tocaram. Mas os chapeuzinhos e os terninhos os fdp ñ deixaram em casa ou “faltou tempo” pra lavar, passar e usar.

Sinceramente ñ lembro de nada; o baterista veio querer ser simpático, dizendo q “curtia Motörhead” (aham), tocaram, agradeceram a nós no microfone (sequer perguntaram nossos nomes), devolveram as coisas e, antes q o Napster começasse o show derradeiro, já tinham ido embora.

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E o q era o bar?
Uma casa térrea simpática (acho q agora tem lá uma auto-escola), com pátio interno contendo uma edícula q era o palco. Estreito (tivemos q tocar de lado), mas bacana. Do lado oposto, havia meio uma cantina (azulejada, lembrando cantina de escola pública), onde um pessoal gentil (provavelmente parentes do dono) vendia refrigerante e cerveja em lata, pacotes de amendoim ou batata frita e, salvo engano, cachorros quentes.

Só havia um problema, q descobrimos logo q o Napster encerrou seu show padrão de umas duas horas: o dono ñ havia feito acordos com os vizinhos, pedido autorização, providenciado isolamento acústico, esse tipo de coisa.

Pq essa foi a chave de ouro – ou a pá de cal total – ao final: o Napster tocou, o público presente (ñ chegava a 20 pessoas) curtiu, o vocalista foi ao microfone e agradeceu às pessoas, ao dono da escola/bar, às outras bandas, desejou Feliz Natal e terminou.

Juro q uns 2 segundos depois disso, apareceu um tiozão de pijama, do nada, berrando q finalmente aquela “barulheira” tinha acabado. Pq estava querendo dormir e ñ tinha conseguido ainda. Juro.

Assistimos àquilo constrangidos e rachando o bico (internamente) ao mesmo tempo. E do Átomos Bar nunca mais ouvimos falar.