PLEASE DON’T TOUCH
E quando é tb uma banda cover q se acha e se porta de forma escrota com outras bandas?
PRÓLOGO
Embora atualmente diminuída, sempre existiu uma rivalidade e um desdém pra com bandas cover pelas bandas autorais. Sobretudo as bandas autorais ruins, fracassadas e/ou q se acham injustiçadas. Aquele papo de “banda cover rouba espaço de banda séria”. Tá certo.
É o outro lado da moeda dum povo q choraminga “nego paga 500 conto pra ver o Iron Maiden e ñ paga 20 pra ver banda de amigo”. Às vezes ser amigo é ñ apoiar a banda ruim do amigo, pra deixar de ilusão. Muitas arestas envolvidas neste ponto, q deixo pros comentários ou outros posts sobre o No Class.
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PRÓLOGO AINDA
Algo ocorrido aqui em SP foi uma certa profissionalização das bandas cover. Bandas mais famosas – covers de Metallica e Iron Maiden, principalmente – chegam a ter roadies uniformizados (montando e desmontando equipamento, e ainda passando o som pra banda), merchan de camiseta “oficial” e até equipamento (baqueta, palheta, munhequeira) com logotipo ou nomes dos integrantes.
Cada um com seus pobrema. Ou bora viver a ilusão. Nada contra, contanto q a postura ñ seja escrota.
Algumas dessas bandas cover chegam a assinar contrato com donos de bar ou contratantes de evento, prevendo adiantamentos e condições, e nisso eu lembro q o Massacration (nem banda cover é) assinava contrato prevendo entrarem antes das 2h da madrugada em palco; se a gente considerar os “rolês errados tr00” de Led Slay e Fofinho, de 7 a 8 bandas em noites de sábado, a primeira começando meia-noite, dou mais é razão pros caras.
Um aspecto nojento disso tudo foi a inflação do “mercado”, tanto por bandas cover em excesso (sobretudo as de Maiden, Metallica e Black Sabbath) como por valores praticados no interior do Estado (galera exigindo cachês de 4 dígitos + van + alimentação). Uma decorrência ridícula disso foi a de uma conhecida ruptura: uma banda cover famosona de Maiden, COTB (nome ñ abreviado nos comentários) teve uma treta interna (sei lá se por grana ou ego), da qual surgiu uma outra banda cover de Iron Maiden dissidente e concorrente chamada POTB. Putz.
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Mas e o No Class e a história do mês?
Meados de 2006, fomos convidados a tocar no Lolla Palooza Ciase, bar em Santo André q foi praticamente nossa casa. (Casei lá, inclusive). Lugar legal, muitíssimo bem localizado, com dono e filhos muito firmes e decentes nos combinados, garçons e funcionários figuraças.
Acho q fizemos algo próximo a 40 apresentações ali (depois contabilizo melhor), em boas e em más fases de público, e essa era uma vez em q tocaríamos com uma banda cover de Black Sabbath renomada ali no ABC – e faço questão de citar o nome – um tal Supertzar.
Uma das bandas mais cuzonas, mascaradas e perninhas com quem já pude dividir palco.
A encrenca começou na conversa prévia daquela semana: estávamos sem ampli de baixo (algo crônico na nossa história, pq o Edinho usava um ampli de teclado pra ligar o baixo e ñ era raro q queimasse) e na conversa com os caras, veio a concordância de q emprestariam, sim, o equipo de baixo pra nós, numa boa. Mas q a gente TERIA Q PAGAR UM ALUGUEL PELO AMPLI.
Inicialmente, achei q fosse zoeira ou artifício pra intimidar, tipo “dá um jeito aí de vcs arrumarem emprestado pq a gente ñ tá muito a fim de emprestar”. SQN.
No dia, os caras abriram. Provavelmente por imposição do bar (era uma época ainda meio hipster pra Motörhead), e assim foi. O ranço me impede de dizer se achei a banda boa, nada a ver ou ruim: simplesmente ñ lembro. Tocaram sem estrelismo, passagem de som gigante ou maiores cuzices.
Antes, tinha trocado alguma idéia com o baterista deles, q pareceu meio afetado. Meio se achando. Se dizendo “colunista da Modern Drummer Brasil”, o q era mentira: tenho todas as edições da revista e mesmo no dia ñ lembrava de ter visto o nome do sujeito (q agora tb ñ lembro) citado.
No q chegou nossa vez e tocamos, o nojo: os caras olhando a gente tocar dando risinhos debochados (como se fôssemos toscos e eles tocassem muito) e fazendo questão de q víssemos eles rindo de nós. Um desdém ridículo e podre. Eles se achando por tocarem “melhor” q a gente. Só q tanto fez: tocamos, foi bom, ñ nos incomodou ou sabotou.
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Mas no q acabamos e começamos a guardar as coisas, eis q o baixista veio cobrar o “aluguel do ampli”. Sim. Edinho ficou sem graça, tentei eu dar de ombros ou fingir demência, mas na hora ñ rolou uma indignação nossa afirmativa, de nos recusarmos: acabamos dando acho q 50 reais do nosso cachê pro filho da puta q se considerava “profissional”.
Fica ainda pior: na hora de juntar minhas coisas, ñ achava meu banquinho. Procuro daqui, procuro dali, eis q o vejo no bag de ferragens do baterista “colunista da Modern Drummer Brasil”. Filho da puta tentando roubar. Fui pra cima.
Abordei a princípio calmo: “ó, será q vc ñ pegou meu banquinho por engano?”. Sujeito fingiu demência, se achando, falou q ñ. Vi no equipo dele q além do meu estava tb o dele, ñ houve engano. Daí fui assertivo: “cara, devolve o meu banquinho”. Apontando.
“Ñ, aquele é o meu banquinho”, retrucou.
Retruquei eu: “ñ, é o meu. É Mapex e tem um rasgo embaixo do assento (um defeito q uso pra diferenciar), pega lá e vê”.
O imbecil (alguma dúvida se futuro bolsonóia?) contrariado pegou e nem conferiu nada. Cínico e rindo com canto da boca ainda me mandou um “desculpae, eu me enganei e achei q era o meu”. Aham. Saiu andando, banda foi embora sem nem nos olhar na cara e foi isso.
EPÍLOGO
Desse dia em diante juramos nunca mais tocar com aqueles cuzões (q tb soubemos q ñ duraram muito), nem com bandas q ñ fossem banda de amigos.
Ñ q banda de amigo ñ tenha acontecido de serem cuzões com a gente, mas essa é outra história. Uma história no Gillan’s, fica pra outra vez.
FC
29 de janeiro de 2021 @ 16:14
Que cuzão esse batera.
Mas fala aqui pra quem não é músico, banda cover realmente rouba espaço de banda autoral? E acrescento, cara de banda autoral também não faz às vezes uns bicos em banda cover?
märZ
30 de janeiro de 2021 @ 07:32
Banda cover sempre existiu e sempre vai existir, e não vejo problema algum. É um laboratório para os músicos, muitas vezes amadores e inexperientes, lapidarem suas habilidades e terem o PRAZER de tocar.
Lembro da finada Bizz nos anos 90 gastar tinta discutindo o fenômeno, pois na época o cover estava muito popular em SP e rolava essa bronco de “roubar espaço”. Haviam bandas cover que tinham até fã clube, como as de U2 e The Cult.
André
30 de janeiro de 2021 @ 08:22
Gente escrota tem em qualquer lugar, em qualquer banda, seja autoral ou de cover. O agravante do cover é o estrelismo, de se achar o que não é. Aí, na minha opinião, em partes, é caso pra psicólogo. Fulano ou fulana pensam que são aquilo que eles representam.
Essas histórias são um achado. Na minha província, no final dos anos 90 até meados de 2000, havia um monte de banda cover. Lembro de duas que se destacavam: Slipknot e SOAD covers. Nem lembro se eram boas ou ruins, mas, levavam bastante público onde tocavam. Hoje em dia, não tem nada.
Marco Txuca
30 de janeiro de 2021 @ 14:37
Bora alinhavar, mas sem esgotar o papo:
1) baterista cuzão pra mim é inadmissível. É gente ainda pior q os eméritos cuzões de qualquer banda: tecladistas, vocalistas e guitarristas (nessa ordem), com quem às vezes é complicado conviver e ter banda junto, mas faz parte.
Uma decorrência dessa espécime foram alguns bateristas q conheci q ñ demoravam a se apresentar com “faço aula com o Aquiles”, “sou aluno do Confessori”. Grande merda. E grandes merdas.
2) o negócio de músicos autorais fazendo bandas cover. E roubando espaços, sim… das outras bandas cover.
Tinha (deve ter ainda) um cover de Metallica renomado chamado Damage Inc. (pra mim, Damage Irc.), q o vocalista é (era) vocal do tal Ancesttral, dessas bandas brodísticas RC q nunca viraram. E ñ pq o “público paga-pau pra gringo”. Esse vocalista se achava o James Hetfield: tocava com as mesmas guitarras Explorer, tocava curvado igual, escarrava e ria igual entre os sons, e até uma tatuagem igual à do “ídolo” tinha, ñ lembro em q mesmo braço ou ombro.
Contei isso já, aqui ou no zap pra amigos: a gente dividiu palco (ou tocamos no mesmo lugar) em 2005, no Manifesto. Eram a “banda cover de Metallica da casa” (roubando espaço de outras) e estavam com o Amílcar Cristófaro na bateria aquele dia. Parece q o cara, vez ou outra, fazia uns bicos (ganhava um troco) com eles. Agregava valor ao camarote.
Durante a passagem de som eles estavam tirando “Ain’t My Bitch” pra tocar mais tarde. Contando o tanto de riffs, quantas vezes era o refrão, essas coisas. Coisa de ensaio.
Tocaram, e ñ tocaram mal. Mas, tendo eu tocado em duas bandas cover de Metallica, e ñ tendo isenção pra afirmar se eu tocava realmente bem, posso ao menos dizer q SEI identificar quando uma banda toca Metallica mal, torto ou ensaiado às presas pra um show. O q era o caso daquele dia.
Amílcar deu umas falhadas, nada grave, coisa q só baterista perceberia. E percebi. Nas partes de bumbos deu umas falhadas tb. Ok.
Acabando a noite, fui trocar idéia com o cara da mesa de som da casa (um tal André, q era a cara do Denílson, ex-jogador do SPFC) e comentei, na maldade mesmo: “pô, o Amílcar deu umas vaciladas hoje, hein?”.
Resposta do cara, de bate pronto: “o Amílcar toca os bumbos tão rápido q o microfone ñ capta”. Aham.
Marco Txuca
30 de janeiro de 2021 @ 14:42
3) o negócio de roubar espaço:
fizemos 222 shows, em 26 ou 27 cidades diferentes (só uma fora de SP) e nunca vimos essas bandas “metal nacional” se mexendo ou botando bumbo e amplis em porta-malas, pra tocar em Piracicaba, Sorocaba, Araras ou até mesmo Guarulhos (a 15 km daqui) pra ganhar 500 contos e vender os próprios cds.
Algo q as bandas punk/hardcore fazem (faziam?) demais. Ñ foi uma vez q ouvimos do pessoal do interior coisas como “se vcs tivessem um cd, eu comprava”. Existe (existia?) um público ávido por metal no interior, gente q nunca veio à capital assistir um show de verdade, e essas bandas “sérias” e “estrelas” nunca foram pra esses lugares.
A ñ ser com cachês de 4 dígitos + van + alimentação ou hospedagem, como citei acima. Algo q ferrou toda uma infraestrutura no interior. Maiores culpados: Kiara Rocks (q era banda cover de Metallica, Genitallica, nem 1 ano antes de “tocarem no Rock in Rio”) e bandas cover de Metallica (The Four Horsemen) e Iron Maiden (Children Of the Beast, a q deu treta e rendeu o Phantom Of the Beast – aqui citados os nomes).
Uma outra coisa q começou a acontecer, e ainda mais hipócrita, foi essas bandas “metal nacional” passarem a convidar bandas cover “pra fechar” os eventos. Pra atrair público pro rolê deles, já q like é igual robô do Bostonaro: só existe no virtual.
Jessiê
31 de janeiro de 2021 @ 21:47
O U2 cover foi famosão e o vocalista era a cara do Bono.
Banda cover faz o trampo pra ganhar dinheiro e de uma forma semiprofissional e tem o mercado específico pra elas (barzinhos de rock). Bandas autorais de HM na maior parte das vezes faz tudo toscamente, ou em um mundo exclusivamente virtual, como hobby e dificilmente recebe convite para tocar em bar rock que não é o mesmo (geralmente nem o público) de bar metal.
Marco Txuca
1 de fevereiro de 2021 @ 11:31
Esse U2 Cover daqui o vocalista era locutor da 89Fm e eles tinham até fã clube. Sério.
Agora, o lance de banda autoral, sempre vi duma seguinte perspectiva: pra tocar em boteco (rock ou metal) precisa tocar cover um pouco no repertório. Tem banda q “vira” autoral – ou é desde o começo, por ñ conseguir tirar músicas dos outros – q entra numa soberba de “ñ vamos tocar cover”.
Daí ñ arrumam lugar pra tocar.
Cito 2 exemplos, em níveis diferentes: aquela porcaria de banda, daquele lixo bolsonóia de baixista, o Exxótica, era uma banda cover de Kiss. E parece q uma banda cover de Kiss boa. Começaram a fazer shows e tb músicas próprias: vendiam ambos os shows. Tocavam uma parte autoral e tb uma parte “show do Kiss”. Conseguiram alguma repercussão.
Queimaram o filme grandão só por causa do baixista cuzão e ainda jurado na Galeria.
Banda de amigos q vez ou outra cito aqui: Ministério da Discórdia. Eram banda cover de Black Sabbath, fases Ozzy e Dio. Começaram a fazer som próprio. Vocalista veio com “agora a gente ñ toca mais cover”.
Só conseguiam fazer show quando nós do No Class os convidávamos pra tocar junto; e geralmente só chamavam a gente em próximas vezes. Ou quando tocavam no interior, em alguns raros lugares onde havia público q acolhia banda autoral. E esqueciam de levar cd pra vender.
Vai de a banda sair do sofá ou do notebook e ir descobrindo espaços. Maioria das bandas autorais, sobretudo no metal, quer ser “descoberta”. Quer tocar no Manifesto ou no finado Blackmore e fazer sucesso. Ñ rola.
Ainda mais se a banda for ruim, o q é o caso da maioria.
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Pra contrapôr, algo da cena hardcore: dono dum bar em Piracicaba, Madhouse, uma vez me contou a história de q uma leva de bandas hc daqui da capital ajeitou data pra tocar ali.
Foram em duas ou 3 bandas numa van. Levaram cd, camiseta, adesivo pra vender. Levaram equipamento próprio. Um dos integrantes pediu permissão pra vender lanche vegano no local. Permissão concedida.
Por meio de divulgação antecipada das próprias bandas, q provavelmente já eram conhecidas por demos e/ou postar músicas on line (tem banda de metal q ainda vive do sonho de “gravar um disco”. Tem público de metal q ainda consome fita cassete!), parece q o bar lotou.
Bandas venderam os cds, adesivos e camisetas todos. Dono da casa ganhou percentual de entrada, ganhou no bar, ficou bem. No fim da noite, ainda ficou surpreso pelo fato do cara do lanche vegano ter dado METADE do q ganhou a ele. Pelo espaço, pra ser justo.
NUNCA isso vai acontecer com bandas de metal, autorais ou covers.