ENCARTE: SINÉAD O’CONNOR
Uma das coisas mais fortes q já li num encarte. De “Am I Not Your Girl?” (1992), um disco jazzístico, light no conteúdo, ñ na embalagem. Desabafo entregue ao mercado e ao mundo. Fãs e gravadora deixaram passar.
“what happens to a child that has been invaded mentally physically emotionally spiritually sexually sensually made to lie naked on the floor beaten spat at kicked scalded starved degraded raped humiliated punished for scraping the plate or stealing a few peanuts made to beg for mercy mocked? MURDER the death of self-steem self-confidence self-love self-respect identity boundaries trust faith ability to love and be loved ability to be a parent to one’s self or to one’s children leading to FEAR of feeling of acting on feeling of not feeling of anger of saying no of taking what’s ‘mine’ fear of saying yes fear of people fear of living fear of dying which creates pain and emptiness ADDICTION drugs alcohol food sex shopping religion gambling relationships cigarettes valium coffee fame politics power money chaos war EMERGENCY child abuse the evil of invasion rape racism incest divorce abortion contraception poverty homelessness starvation deprivation isolation overpopulation unwanted children addiction chaos and destruction I You He She are that child the world is that child EMERGENCY we have not been told the truth
the message is love what can save us?
only God which is Truth – only, The True God – ask him for help“.
doggma
9 de janeiro de 2015 @ 08:59
Intenso, de fato. Mas rapaz, a Sinéad… é complicada. Parecia meio contrariada com o sucesso e passou a cultivar essa pré-disposição ao niilismo. Como se fosse culpa. Acabou incorporando aquele negócio do abismo do Nieajfdçkjchwze… “se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você” e tal.
Colli
9 de janeiro de 2015 @ 09:02
CARALHO.
Não parece que foi ela que escreveu isso para mim.
Justifico falando que sempre achei ela uma menininha mimada.
Pré-conceitos a parte, pois nunca ouvi nada dela. Há não ser um hit dos anos 90 e sua “participação” no show do The Wall, que ela não foi na dia da apresentação e tiveram que colocar no DVD a parte dela que foi gravada no ensaio.
Marco Txuca
11 de janeiro de 2015 @ 13:28
Então, amigos, parece um pouco mais complicado: aparentemente, Sinéad foi ABUSADA quando pequena, por padre. O desabafo ali parece ser ela falando dela mesma.
Alguém lembra de quando ela rasgou a foto do João Paulo II na tv ao vivo nos EUA (“Saturday Night Live”)? Nem Varg Vikernes o faria ahahah
Vários dos encartes dela mostram-se confusos, nesse sentido: ela denuncia, ela diz amar o pai e a mãe (num outro), diz ser rastafári (num outro ainda) e por aí vai. Parece o caso de pessoa MUITÍSSIMO talentosa, por conta da maturidade emocional e pessoal ter ficado a desejar. Compensar no talento o q ficou falho no resto…
O sucesso e ela parecem ter travado jogo de gato e rato: no 1º disco, “The Lion And the Cobra”, assustou monte de gente nos EUA. É um disco pop com leve peso… mas uma cantora careca?!
Anos depois, li Alanis Morichatta dizendo q quando a contrataram (Sony?), o dono da gravadora lhe deu esse disco da Sinéad, dizendo ser aquilo q queriam. Deu no q deu… influenciou monte de cantorazinhas chatas, revoltadas na TPM.
***
Daí, gravou 2º disco mais pop e baladeiro, com título oposicionista: “I Do Not Want What I Haven’t Got”. Estourou com a versão do Prince – superior disparado à original – e pessoas se lembram só dela. O 3º disco – o deste encarte aqui – é um disco de jazz de big bands. Mostrando q ela tb seria um Frank Sinatra de saias… e careca.
Sei lá se o Sinatra ñ fez os “Duets” na carona desse, ou se rasgar a foto do Papa impediu-a de participar do projeto do cara. Tivesse entrado, ROUBARIA o disco.
Depois, fez disco (“Fire & Courage”), quase todo reggae e dub. Tudo q ela se mete a cantar, canta bem. Mas a vida pessoal, algum vício em drogas e as doideiras e idiossincrasias ñ ajudaram. Nunca foi cordeirinha.
Chegou a encerrar carreira, gravando disco de músicas religiosas, daí voltou. E comprou polêmica com Miley Cyrus na internet; a putinha discutiu com Sinéad sobre sei lá o q, pra depois falar ser difícil polemizar com doente mental. Escrotice assim.
Ano passado, Sinéad lançou disco novo (“I’m Not Bossy, I’m the Boss”), com peruca e guitarra na mão na capa, fazendo título e dois sons falando indiretamente da Hannah Montana: do quão o sistema chupa as pessoas até o bagaço, coisa e tal.
Em suma: acho uma pessoa talentosa, com altos e baixos, mas sempre INTERESSANTE. Sempre com algo a dizer. E recomendo a coletânea de 1997, “So Far… the Best Of Sinéad O’Connor”. Se ñ descer isso, melhor deixar pra lá ahah
Marco Txuca
11 de janeiro de 2015 @ 13:34
E o lance do “The Wall”, Colli, fiquei sabendo melhor do dvd q comprei, recentemente: Roger Waters e convidados ensaiaram o show inteiro na véspera da apresentação. E o filmaram todo.
Pq sabiam q poderia acontecer o q ocorreu: no dia, durante a transmissão ao vivo pro mundo, a energia elétrica caiu algumas vezes ali em Berlim. Pra tv, já tinham o backup, daí tacaram algumas músicas do ensaio. Tipo “Mother”, com a Sinéad e uns barbudos hippies mal vestidos (afinal, era ensaio).
Waters diz q Sinéad, ao cair a luz, teria perguntado a ele o q fazer. Ele lhe disse pra continuar abrindo e fechando a boca, como se estivesse cantando… ela o acusou mais tarde de querer q ela fizesse playback, e o mala, no dvd, acusa mordendo e assoprando dizendo q naquela época ela ñ era ainda “profissional”.
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Ela tem participações ainda em discos tão díspares como de The The, Asian Dub Foundation e Massive Attack. Tudo bão.
Colli
12 de janeiro de 2015 @ 09:13
Eu sabia mesmo por boca dos outros que haviam acontecido de ela não faltado mesmo.
Lembro que na época até questionei e disse que não era possível uma artista fazer uma coisas dessas logo “Roger Águas”. Achei estranho mesmo.
Fiquei até interessado em conhecer a obra da dita cuja.
doggma
12 de janeiro de 2015 @ 11:37
Não conhecia esse background do trauma. Agora dá pra entender um pouco melhor as motivações e atitudes. Lembro bem da ocasião da foto rasgada do papa JPII. A imagem correu o mundo, passou até no Jornal Nacional. Todo o showbiz em peso criticou, o único que saiu em defesa dela, se não me engano, foi o Lou Reed.
Agora, parece que ela também apoiava o IRA, né. Aí é foda. Se fosse pelo menos o IRA!… hehe
Nem sabia dessa treta com a Miley. Trash demais, sem “h”. E esse causo com o Waters, no fundo pareceu mesmo o que ele falou… numa situação sui generis daquela, o artista tem que estar pronto pra improvisar. É bem diferente de combinar um playback num Chacrinha.
Bacanudo esse review geral da moça. Também fiquei instigado a conhecer.
Marco Txuca
13 de janeiro de 2015 @ 03:00
Q eu me lembre, o amigo FC tb é fã dela. Acrescenta algo aqui à conversa?
Jose Alves
13 de janeiro de 2015 @ 11:31
Caros, sou muito fã da Sinéad. Por isso, adorei o post.
Se me permitem, vou corrigir algumas informações colocadas no comentário.
1. Sinéad confirmou a briga com Rogers Waters. Na hora que Sinéad foi cantar, em pleno show, ele colocou um playback, contra as orientações dela. Daí a briga. Sinéad não faltou ao compromisso. Segundo ela, cantar com playback é não confiar na força da música.
2. Sinéad foi abusada na infância pela sua mãe, que tinha depressão e algumas psicoses. Sofreu castigos cruéis, incluindo de natureza sexual. Sua mãe perdeu a guarda dos filhos quando Sinéad tinha 13 anos, mas esta já tinha uma série de sequelas: violenta, foi presa por roubo algumas vezes, até que seu pai a internou num reformatório católico. Aqui, Sinéad sofreu com castigos e com a clausura, mas não necessariamente foi vítima de abusos. Foi no reformatório que aprendeu a tocar violão, dado pelas freiras.
3. Sinéad rasgou a foto do Papa João Paulo II em 1992 porque ela estava divulgando os crimes de pedofilia cometidos pelo alto clero da igreja na Irlanda, que estavam sendo acobertados pela mídia e pelo Vaticano. Após 15 anos, na gestão de Bento XVI, todos os acusados foram condenados. Tal fato fez existir um movimento de parte da Igreja Católica com o título “Desculpas à Sinéad”. Até hoje, ela lidera campanhas contra a violência e o abuso infantil.
4. Sinéad vende muito e seus shows são sempre lotados com muita antecedência. Seu último álbum ficou em primeiro lugar na Irlanda, 22o. lugar no Reino Unido e por aí vai… Segundo ela, o sucesso mundial foi um acidente, já que não faz uma música fácil e nunca quis, de fato, ser uma artista de alta vendagem.
5. O empresário dela confirmou que Sinéad virá ao Brasil em meados de junho.
6. Sinéad sofre de transtorno bipolar dos mais graves, associado a doenças oportunistas como fibromialgia, falta de apetite etc. Seus médicos a proíbem de fazer muitos shows. Daí sua reclusão.
Espero ter esclarecido.
Grande abraço. Parabéns pelo blog.
Marco Txuca
13 de janeiro de 2015 @ 15:25
Salve, José, bem-vindo e freqüente sempre!
Valiosas as informações. Só faço um reparo na “1”, uma vez q o acesso à mesma se dá no extra do dvd daquele “The Wall” (mal)refeito, na cola da Queda do Muro: a informação q postei, tirei de lá.
Ñ houve playback, apenas orientação de Waters – segundo o próprio – pra q ela encenasse cantar caso faltasse energia, o q aconteceu. Pra quem assistia, e pra quem tem o dvd, a versão de “Mother” executada foi a da gravação do ensaio na véspera.
E o disco novo, “I’m Not Bossy, I’m the Boss”, é bom?
José Alves
14 de janeiro de 2015 @ 11:09
Oi Marco,
Tem razão em relação ao reparo do item 1. De fato, sua informação foi precisa. Considerando que não houve falta de energia, provavelmente Sinéad contou a verdade: ele pôs o playback por não confiar nela.
Sou suspeito para falar dos álbuns de Sinéad (risos)… O novo tem uma pegada mais rock, com pegadas mais sensuais e mais pró-feminismo, com a defesa explícita da sinceridade absoluta (uma de suas bandeiras)… Há reggae, há uma baaldinha, há canções pop e há rock. Pelo alcance da nova obra, Sinéad chegou a ser capa da Billboard, algo que não acontecia desde os anos 1990. Para sentir um pouco dele, sugiro que procure no youtube as músicas “The voice of my doctor” e a “Harbour” (já um clássico). Um abraço.