ODE AO GRINDCORE

Buckshot Facelift, “Ulcer Island”

Às vezes penso q o grindcore é o dadaísmo q vingou.

Surgido com Brutal Truth (ou com o D.R.I., vai de gosto) como barulheira desenfreada, aleatória e anti-música (não incluo Napalm Death nesse balaio), proliferou adquirindo requintes técnicos como nem o Dream Theater jamais atingiu, persistindo no paródico e caótico, mas tb no metalinguístico e no patchwork de referências.

Falo do filão q conheço por alto (é praticamente um outro universo): Soilent Green, os absurdos Cephalic Carnage e este Buckshot Facelift.

Gente q sabe tocar, tocam ainda e/ou já tocaram em outras bandas… de grindcore, com um apelo conceitual – até o 10⁰ som, uma “part I“; do 11⁰ ao 15⁰, “part II” – inclusive nas letras (parece) e a capa é de artista renomado (em capas de metal), Travis Smith.

Mas meio q uma banda não é igual à outras (dentre as q citei, como nem as outras tantas entre si).

E neste “Ulcer Island”, de 15 sons em 40 minutos, rolam barulheira/zombaria, riffs convincentes, solos de guitarra apurados, vocais entre o gutural, o gritado e o “porco”, num caldo TDAH e com uma produção requintada q me faz duvidar se funciona em palco.

Difícil de descrever o tal grindcore – por aproximação e exclusão, como o fiz – mas tb fácil de reconhecer. Como um Captain Beefheart viciado em crack e ainda funcional. Como um Tristan Tzara sonoro e ainda mais disfuncional.
É pra poucos e pra iniciados, mas tvz merecesse o mainstream nestes tempos davegrohlzados. Ou melhor não: o mainstream q rume sozinho ao colapso.

A quem simpatizar, é cair dentro. O cognitivo q lute.