A CRECHE • MANGER CADAVRE? • D.F.C. • MUKEKA DI RATO

Hangar 110, 31.08.24

Noite de sábado afável e agradabilíssima no Hangar 110, e explico assim brevemente: 4 bandas, a primeira iniciando às 19:30, a última terminando às 23:30, e pq voltou a pedidos. Podia ter acabado antes.

Além do mais, ingresso na porta. Físico, pagando no débito ou em grana. App é o caralho.

Minha única crítica (na verdade, duas) é o valor da latinha de Coca-Cola (já foi o tempo em q o local só vendia produto brasileiro) e o do chocolate (Snickers, diminuído de tamanho há tempos): 10 reais cada.

Fiquei só com a Coca-Cola imperialista mesmo.

Às bandas:

A Creche nunca tinha ouvido falar e não pesquisei de onde são: achei divertidos. Literalmente molecada, exceto o baterista já meio tio e com camiseta do Eskröta. Uma vocalista meio hipster, um guitarrista com camiseta do Butthole Surfers (tvz do avô) e cabelo à Avenged Sevenfold, um baixista de camisa (social) roxa e meio emo, mais o baterista metaleiro. E bom.

O som: um punk às vezes Ramones, meio grind numas horas, mas divertido sem apelar. Sons em português, pauta identitária e um lance de 3 vozes – a mina, berrando; guitarrista, cantando; baixista, gutural – q achei legal e potencialmente diferencial.

Estavam com amigos na platéia, tinham duas camisetas pra vender no merchan e só acho (se me perguntarem) q podiam melhorar o nome. Pra banda claramente iniciante, mandaram bem. Meia hora respeitada, vazaram.

O Manger Cadavre? veio do interior e de há tempos não tocar na Capital e foram bem. Mas poderiam render melhor, e “culpo” o baterista por isso.

Sujeito meio travado, mais com medo de errar q com pegada. Nalgumas horas meio “segurando” o som, um pouco mais metal q o habitual no crossover praticado. Ao passo q a vocalista Nata segura a onda.

É ela quem interage com o público, com a própria banda e q vende merchan antes e após o show, tb curto e direto. Curti o aparte dela sobre doenças mentais enquanto raiva não canalizada contra o sistema e por ele instigado, antes de “A Raiva Muda o Mundo”, e até cogitei comentar com ela depois, mas não quis encher o saco.

Assim: achei a banda melhor anos atrás num Kool Fest. Parece q mudaram de integrantes e tvz estejam retomando atividades. Acertando detalhes, podem crescer e representar mais. Quem sabe, tocar num Sesc.

Tb achei legal e sincero Nata agradecer pelo apoio material de quem contribuiu com eles pras passagens pro Obscene Festival, da República Tcheca. Comprei “Decomposição” com ela antes, pela capa. (Capa dá uma baita camiseta, dentre as ótimas disponíveis). E vou descobrindo q o conteúdo tb é diferenciado.

Do D.F.C., digo sem exagero: fizeram shows recentes (7 q assisti no último ano e meio) do Ratos de Porão parecerem k-pop coreografado.

Não q a horda de Jão e Gordo seja uns velhos broxas, mas o monte de gente subindo no palco e quicando pra baixo, fora indo ao microfone pra cantar junto (Túlio instigando) não cabe em show do RDP. Tvz coubesse. Há uns 30 anos.

Deixaram o público em ebulição, como poucas vezes vi uma banda fazer.

Entregaram tudo o q eu queria: deboche, zoeira, crítica, seqüência de “Seqüência Animalesca de Bicudas e Giratórias” (“Venom”, “Não São Casos Isolados”, “Conversa Pra Boy Dormir”) e músicas de vários discos.

Túlio é figuraça, já meio tio e em umas horas tendo q parar pra respirar. Mas com a voz odiosa/odienta em dia. Ressalva (a outra crítica, lá de cima) ao baterista, q misturou tocar bem com espancar a bateria.

(o q o do Mukeka di Rato tb fez)

E isso estragou o clima. Pra mim. Q esqueci de levar protetor auricular e não quis pagar R$ 15 num, no caixa. A platéia pouco se lixava. Muita garota tirando camiseta (usando tops por baixo) pra pogar e pular do palco. Digo sem sexismo: bacana isso.

E como q pra comprovar a alopração e desopilação proporcionada, “Molecada 666” – última música – foi cantada inteira por um povo q subiu no palco, enquanto Túlio rancava fora, sem ranço ou melindre. (Me pareceu) Rob Halford é mato.

Puta show, melhor da noite.

O Mukeka di Rato estava sendo muito aguardado – divulgação dizia “único show em São Paulo este ano” – e não decepcionou.

Pra mim, fora pelo incômodo do outro baterista espancador de tímpanos, foi tb esquisito já q nunca tinha ouvido um som dos caras.

Sabia da fama, da integridade, de ouvir falar do “Boiada Suicida” (tb comprado) e vi uma banda competente superando problemas técnicos.

Fepas, vocalista/guitarrista, passou ⅜ da apresentação sem a guitarra, aparentemente pq quebrou corda e ele não tinha outra. Vez ou outra rolou uma apitada (não planejada) de microfonia, mas os caras demonstraram maturidade e saber levar.

Aparentemente tocaram clássicos, alguns lados B pedidos e fizeram um bis além do bis: havia tempo e o público queria mais. Queria e tiveram.

***

O Leo me recomendou “Carne” e tenho ser banda q preciso arrumar “tempo” pra aprofundar. Com os devidos atalhos oferecidos pelos amigos aqui.

Baita show tb, pouquinho abaixo do D.F.C., mas só pra mim. Pq ninguém ali estava competindo.

Foi rolê de punk e hardcore, não teve metal nacional ou homenagem a Andre Matos (sem acento).

Meia noite, eu já estava perto de casa jantando. Surdo pra caralho e satisfeito.