ANDRALLS • FACES OF DEATH • CHAOS SYNOPSIS

La Iglesia, 04.04.25

Desenvolvia com o Leo no pós-show de sexta a seguinte tese: é muito difícil numa banda avaliar realisticamente se a mesma é boa (tem apelo) e/ou consegue angariar público.

Cito isso pra aludir ao fest São Paulo em Chamas ocorrido sexta-feira no La Iglesia. Cujo público pouco não se deu por conta da chuva, do frio ou de ser numa sexta-feira, a meu ver.

O público presente era basicamente de amigos e namoradas dos caras das primeiras bandas + o cara da mesa, o casal do bar, a moça do caixa, eu, o Leo e o Amílcar do Torture Squad, q chegou (e pagou) só pra ver o Chaos Synopsis. Vamos ver se me faço entender:

O Andralls é veterano (“25 anos”, bradou o vocalista/guitarrista) e acho q não erro em cravar q é formado pelo vocalista/guitarrista original membro fundador + quem ele consegue alistar à causa.

Não tocam mal e não me parecem mais o thrash bate-estaca q conheci há uns anos e não me “pegou”. Trabalho de guitarras muito entrosado – e o guitarrista solo heróico tocando praticamente todo o repertório faltando a corda lá – baterista novo muito bom, repertório redondo e ensaiado, cds pra vender… mas sem apelo.

Claramente gostam de fazer o q fazem, como apontou o Leo, mas fazem um som sem maiores destaques. Em determinado momento, o vocalista enalteceu a condição “underground” da banda.

Não acho. Acho banda q ficou pra trás, como Claustrofobia, Siegrid Ingrid e até mesmo o Torture Squad. Veteranos por anos em atividade, não por uma obra ou legado, e “underground” pq claramente não têm público. Só a meia dúzia de amigos.

O Faces Of Death veio de Pindamonhangaba e acertei em cravar q eram uns tiozões q tinham a banda quando moleques e voltaram adultos (com melhores condições materiais de comprar instrumentos bons). Só q voltaram do pause, no mau sentido.

Não posso falar q são toscos ou horríveis, mesmo pq acompanho alguém deles q posta novidades, sons e videoclipes novos com freqüência num grupo de WhatsApp. O problema é q correria apenas não resolve.

Os caras claramente acordam, dormem, almoçam, jantam e cagam Slayer, mas não têm apelo. É um metal datado, sem destaques ou com um riff ou refrão q chame atenção. Pra piorar, o baterista é um idiota.

Pagando de truzão, subindo ao banquinho pra “agitar” a galera, parecendo o Diabo da Tasmânia do desenho, totalmente vergonha alheia. A banda puxou pra si mesmos o coro de “Faces Of Death, Faces Of Death”, o q tb achei constrangedor.

No fim das contas, uma banda q não é ruim, mas q tvz chamasse atenção ou causasse identificação em 1988. Falaram orgulhosos em “underground“. Nada disso: o som é meio ultrapassado – underground é Krisiun, Surra, Velho – e não atrai público. Não é de se ufanar.

Quando o Chaos Synopsis entrou, metade do público tinha vazado (e nem meia-noite era ainda); chamam essa fuleiragem de underground tb. SQN.

Significa q parte graúda do público foi pra ver a banda do amigo e sair fora. O mesmo tipo de “público” q depois vai pra rede social reclamar não termos “cena”… Temos, mas acontecendo em outros lugares e com outras bandas.

Q é a deixa pro feedback q dei pro Jairo, baixista/vocalista mesmo sem ele pedir. A banda é razoavelmente veterana por tempo de estrada (são de 2006) e por lançamentos (4 álbuns + disco ao vivo + singles e splits) e fazem um death/thrash com técnica, culhão e apelo. Discos conceituais sobre serial killers (“Art Of Killing“) e deuses perversos (“Gods Of Chaos“) acompanham.

Só q entendo q cabem em fests com Crypta, Surra, Torture Squad, Manger Cadavre? (do Vale do Paraíba igual eles), só precisando vir mais pra São Paulo e usar mais rede social pra se divulgar.

Por exemplo: sei q estão ensaiando gravação de disco novo, daí uns making ofs tvz ajudassem. O destaque técnico indiscutível acho o baterista Friggi Mad Beats (aliás, guitarrista no Debrix, q vai abrir show do Helmet), nuns cacoetes Death e com uma pegada próxima à de Amílcar, só q melhor. Destacando os sons e lhes dando dinâmicas, ao invés de POLUIR tudo.

Jairo está melhor nos vocais e um guitarrista novo, viciado em palhetadas, deu liga. Tocaram músicas de todos os discos, incluída a em Português (“Son Of Light”) sobre o serial killer brasileiro Febrônio Índio do Brasil, o q tb me meti a sugerir: músicas novas (tvz não todas) em Português, pra gerar mais adesão.

Afinal, é um ciclo assim q estamos vivendo, com Black Pantera, Surra, Desalmado, Cemitério, Sangue de Bode, Vazio, Velho, Flageladör, Manger Cadavre? e Eskröta.

Música não é competição, sabemos, mas fui pra ver e gostar do Chaos Synopsis e os achei os melhores da noite. Com sobras. Pq ainda com lenha pra queimar.

Setlist: 1. “Raising Hell” 2. “Zodiac” 3. “Sarcastic Devotion” 4. “Serpent Of the Nile” 5. “Son Of Light” 6. “Gods Upon Mankind” 7. “Chaos Synopsis” 8. “Spiritual Cancer”