CÁRCERE • IN RAZA • SANGUE DE BODE

74club (Santo André), 02.05.25

Antes de qualquer mais nada, precisamos falar sobre o Manger Cadavre? e aquilo q parece uma influência e liderança da banda num movimento de bandas extremas novas. Vindas ou não do interior.

Cárcere, In Raza e Sangue de Bode na última sexta-feira tinham pelo menos UM integrante cada usando camiseta deles.

No show do Helmet estavam lá a vocalista Nata e o namorado guitarrista pra prestigiar o Debrix, q tb é do Vale do Paraíba e seguiu os estadunidenses pra aberturas em Buenos Aires e Santiago sexta-feira e domingo passados.

Uma “cena” de bandas novas está aparecendo, assim como um novo público e isso estou podendo presenciar na doideira de shows* a q estou indo neste 2025. E o Manger tem demonstrado proeminência no profissionalismo q as bandas têm nesses rolês.

***”

Exemplifico assim: 3 bandas num bar numa sexta à noite. Começando pontualmente às 20h e terminando às 22h55. Tocando as três. Sem migués, estrelismos ou atropelos.

Não é pouco. Jamais será pouco e tem q ser enaltecido.

Foi minha 3ª ida ao 74club, pequeno e receptivo (apesar de faltar saída de emergência. Ou não?) porão e bar pra ver as 3 bandas citadas, há meses anunciadas e q a entrada – com taxa de convivência – me custou a exorbitância de R$ 22,50.

Tendo eu meu carro, sexta livre e vontade, como não ir?

O Cárcere veio de Pindamonhangaba e faz um grindcore puxado pra metal. Em Português. Dois guitarristas presentes – um, “sub” – q sabem tocar e souberam encaixar solos na medida certa.

Guitarristas e baixista tiozões e organizando a porra toda, sobretudo o segundo. Vocalista molecão e sem noção falou palavrão, zoou, usou camisa do Cannibal Corpse (traje de gala), comandou roda na pista e xingou pastores neopentecostais no último som. Disse a q veio e tem carisma.

(podiera ter pesquisado nomes do povo todo pra citar, mas deu preguiça)

Por sua vez, o baterista mandou muito bem. Tem presença e pisa bem no bumbo. Apesar dos pratos rachados (prato é caro, é foda) e de ter estourado a pele de resposta da caixa, tão psicopata (psicopata é bom) q estava.

Enquanto o pessoal do bar/estúdio providenciava uma sobressalente, o vocalista mandou: “agora teremos um duelo de guitarras” ahahah

Curti os caras, parecem não ter material ainda e o Leo já os tinha visto no La Iglesia e recomendado. Verei outras vezes.

****

Do In Raza, posso dizer q achei melhor em março, quando os vi no CCJ e com som melhor.

Pq o 74club é legal, mas o som, embora definido, é abafado. E isso prejudicou o In Raza. Pra mim. Estava a metro e meio do guitarrista e não ouvi a guitarra. (Trompas de Eustáquio zoadas à parte)

Ao In Raza. Não. Prejudicou. Em. Nada.

Tocaram o puteiro, parecem usar clique e conseguiram se ouvir. E estão compondo e estreando músicas em show o tempo todo. (Ou o tempo todo dos 2 shows q já vi)

O baterista é um animal, e parcialmente responsável por não dar pra ouvir a guitarra. Toca MUITO forte, bumbadas ainda mais fortes, equipamento bom ajudando (a banda demonstra ter melhores condições, nesse sentido) e o roadie/amigo q ficava pondo no lugar o 2⁰ chumbau/china q lutasse. E lutou.

Só q o destaque TEM Q SER Fernanda, a vocalista. Uma demônia transformada e transtornada, aluna da Mayara Puertas e jogando na mesmíssima divisão.

(diferença é Mayara estar numa banda menor q o tamanho dela)

Não sei nome das músicas, não contei quantas foram e o impacto foi geral: metade hipnotizado com Fernanda, metade desacreditando dos malabarismos do baterista.

Prometeram disco logo. Já gravado. Se vier na pegada da banda ao vivo, digo q são uma BANDA PRONTA e irão deixar marcas. Ou sequelas.

****

Do Sangue de Bode acho q perdi o primeiro som (fui pro bar e me distrai no celular) e tb a oportunidade de fazer a “lição de casa” prévia. Pra reconhecer alguma coisa.

Era a banda mais esperada, lotou o porão e me surpreendeu o número de mulheres batendo cabeça e cantando junto tudo. Não é machismo, entendam.

(acabou o tempo das mulheres no metal q só ouviam Helloween, Nightwish e derivados + iam aos shows só pra acompanhar os namorados metaleiros? Q bom!)

Reconheci uns sons, metade pq o público cantava os refrões (inclusive), metade pq o vocalista insano e corpsepintado anunciava. “Necroprimata” foi a mais agitou, rolaram ainda “Chafariz de Sangue”, “Minha Refeição É no Lixão” e “17:55 H”. E ainda outras.

O vocalista é carismático e faz bem o papel de doido, encarando pessoas e tirando catotos do nariz. Baterista preciso (o vi aquecendo num pad antes) e com pratos compatíveis à barulheira + um guitarrista e baixista somando à mesma barulheira. Q ao vivo é bem melhor q em estúdio.

Não há apologia da tosqueira, tocar de qualquer jeito ou apelar ao “underground” como álibi de precariedade. O Sangue de Bode, do q vi na sexta-feira, pode ser considerado o paradigma do black metal brasileiro.

Achei maís articulados e melhor acabados, por exemplo, q o Velho. Q fica num limbo entre punk e black metal. Sem desmerecer.

No último som, o vocalista ranca fora antes e deixa os comparsas acabarem o serviço. No final, todos os 40 presentes ficaram bem convencidos. Foi foda.

***

Findo o rolê, devolvo minha comanda (sem consumação)(nem reclamação) e fui a uma padaria conhecida jantar um Americano com fritas e Coca-Cola KS. Pq na padaria não servem bode, lixo nem sangue, fazer o quê. Mas pleno, pq parece q estou vendo coisas novas acontecendo.

PS – de volta à premissa inicial: Sangue de Bode e Manger Cadavre? tocaram no dia seguinte, no Fffront. (Não fui: assisti Violeta de Outono com a companheira no Sesc Belenzinho). E parece q lotou. Em dia de Bangers Open Air.

*50 shows este ano e contando